sábado, 7 de julho de 2012

O AMOR: A TRAJETÓRIA DE UM SENTIMENTO INCONDICIONAL E INEXPLICÁVEL


                                                
                                                       Por Josiany Dórea 

A nossa Décima Segunda Conversa Afinada nos presenteou com o tema central: o Amor. Viviane Oliveira inspirou-se na música de Renato Russo e apresentou o tema com o título: “Quem inventou amor, me explica, por favor!”.  A partir daí, participamos de uma conversa que envolve muitas reflexões e situações, que inicia através da trajetória do amor filosófico, apresentado por Josiany Dórea.   

Partindo do pressuposto que a nossa base ocidental inicia-se na Grécia Antiga, começamos o tema entendendo um pouco sobre a Mitologia Grega. Os mitos relacionados ao Amor, como por exemplo, o mito de Narciso, que fala da incapacidade de amar. Retrata também o individualismo diante da valorização exacerbada de Narciso por si mesmo, sua fixação a sua própria imagem. Associando para a nossa realidade podemos nos vê diante do espelho de Narciso e despertar para uma reflexão dos nossos comportamentos narcisistas contemporâneos. 

  Em destaque também o Mito de Eros e Psique que nos faz refletir sobre as formas de amar do ser humano e também a falta de amor, os defeitos de caráter ocasionado pela inveja, ambição e possessividade. 

Os Mitos apresentam no primeiro momento, uma impressão que apenas trata-se de “contos da carochinha”, contudo, nos proporcionam um grande aprendizado, se soubermos interpretá-los com mais rigor, e com um olhar direcionado para o comportamento do ser humano em várias situações do nosso cotidiano.   

Aprofundando mais com o olhar filosófico, vimos, o amor definido pelo Filósofo Platão. No seu livro “o Banquete”, Platão ressalta a natureza e o sentido do amor como o mais elevado sentimento, que sobressai do corpo e da matéria, é o absoluto. 

       “O amor platônico é aquele que não se fixa no transitório, no corpo, na matéria. Mas sim, o que supera tudo. O verdadeiro amor é um impulso de vida para a sabedoria e não necessariamente para uma pessoa. Somente indivíduos com caráter formados, equilibrados são os que realmente amam no sentido filosófico.”

 Lembrando que a etimologia da palavra Filosofia- PHILO, quer dizer Amor, amizade e Sophia, significa Sabedoria. Temos então, Filosofia é igual a amor ao saber. Vale ressaltar que os primeiros filósofos já retratavam o amor como patos, palavra grega que significa admiração e espanto. 

Avançando mais na trajetória do amor filosófico, vimos que o filósofo Santo Agostinho que viveu no período Medieval, afirma que todas as maneiras de amar são válidas, o erro está em inverter a intensidade do amor. Então o ideal do amor é alcançar o equilíbrio, a justa medida.  
   
Para o filósofo existencialista Jean Sartre, que viveu no século XIX, o amor é o impulso que leva a agir, mas nunca desculpa para uma ação (acreditava que qualquer compromisso não estava em determinada religião, mas sim entre as pessoas).   
   
Assim, o amor no contexto filosófico esteve sempre presente nos diálogos, sejam eles, no período da antiguidade ou contemporâneos. 

Atualmente, de forma geral, emocionalmente amar é buscar no outro um alguém que supra nossas carências afetivas e espirituais. Essa forma de amar possibilita muitos equívocos nos relacionamentos amorosos porque terminam promovendo a busca da felicidade no outro. Para eu ser feliz é preciso que o outro seja o protagonista da minha felicidade. Essa realidade provoca conflitos internos e muita dependência. Acabamos transferindo todas as nossas perspectivas de uma vida melhor para outro. O equilíbrio entre amar e ser amado é o grande desafio da humanidade. Entre esse equilíbrio está a justa medida. Amar sem dependência, mas cultivando uma harmonia em estar com o outro e consigo mesmo.

Viviane Oliveira destacou os vários tipos de Amor. O tipo de amor fraternal e espiritual: Ágape, palavra grega que quer dizer Amor.  A palavra Ágape foi mais utilizada pelos Católicos, na antiguidade, que significa Amor Cristão ou Caridade. O amor que vê no outro como seu semelhante e busca entender as alegrias e dores do outro como um ser humano. Estando ao seu alcance, procura ajudar, sem cobranças, apenas com o prazer de saber que o outro é um ser humano que possui suas fraquezas, seus conflitos e que precisa de outro ser humano para ser fortalecido pelo amor puro, desinteressado.  

Viviane Oliveira apresentou um vídeo titulado como “Amor Verdadeiro”, que aborda o amor que tudo sofre tudo crê e tudo suporta (ver abaixo, no final do texto). Esse amor que supera a si mesmo. 
  
   O estilo literário que destaca o amor é o Romantismo. Estilo literário que se transforma em uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os escritores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.

Um dos escritores brasileiros que teve destaque nesse período foi o cearense José de Alencar (1829-1877) por criar romances que abordam o cotidiano. Tornou-se principal romancista no Brasil dentro das quatro características: indianista, psicológico, regional e histórico. 

Destacamos também Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), conhecido mais como Goethe foi um importante romancista, dramaturgo e filósofo alemão. Sua grande obra foi o poema Fausto, escrito em 1806. Baseada numa lenda, esta obra relata a vida de Dr. Fausto, que vendeu a alma para o diabo em troca de prazeres terrenos, riqueza e poderes ilimitados. A frase clássica do filósofo Goethe sobre o amor é: “Mundo, quem és tu, para um coração sem amor”.  E sábia  frase: "Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.".

A emoção, o amor e a liberdade de viver são os valores retratados no Romantismo no Brasil. A música também teve destaque nessa fase. O nacionalismo, nosso folclore e assuntos populares servem de inspiração para os músicos. O Guarani de Carlos Gomes, por exemplo, é a obra musical de maior importância desta época. Assim como na música e na literatura os temas do cotidiano, o individualismo, o nacionalismo e a religiosidade também aparecem na dramaturgia brasileira desta época.

Viviane Oliveira encerrou a nossa apresentação com um lindo poema Quando o amor acontece de sua autoria (ver abaixo). Dessa forma, evidencia a capacidade do ser humano de criar e amar no mundo contemporâneo dinâmico e cheio de incertezas e mitos. Contudo, temos também pessoas que buscam fazer desse mundo um carrossel de amor.  

Ao final acompanhamos a música do cantor e compositor (in memoriam) Renato Russo - Monte Castelo, que revela toda a complexidade do amor.

QUANDO O AMOR ACONTECE
Quando o amor acontece
Dos problemas a gente esquece
É um querer que nos enobrece
É uma emoção que nos fortalece
A vida tem outro sentido
As coisas caminham sem perigo
Felicidade torna-se abrigo
E coisas são feitas com muito instinto.
Quando o amor acontece
Nada de ruim nos aborrece
Tudo que queremos é que esse sentimento não seja breve
Pois quando o verdadeiro amor floresce, ele dura, ele aumenta,
Ele nos enriquece.
E quando percebemos de tão puro que é: ao lado ele envelhece
Mas justamente por ser puro, desse amor você nunca padece.
By Viviane Oliveira                                                                            
 
                                                                                                           
  Agradecemos a todos que participaram
 da nossa Conversa Afinada.20/05/2012.

 

 


Sugestões de Leituras e Referências:
Ciência & Vida – Filosofia, número 03- Editora Escala/ 2009.
Nicola Abbagnano, Dicionário Filosófico- Ed. São Paulo.
Coleção Os pensadores – O Banquete – Platão – Editora Nova Cultural Ltda.
Nicola, José. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 2003.
Leite, Ricardo. Novas palavras: literatura, gramática, redação e leitura. São Paulo: FDT, 2009.       

PENSAMENTOS E POESIAS


Amor e Poesia é uma combinação perfeita para externar todo o sentimento do ser humano em palavras. Assim, os poetas e poetisas revelam  os momentos e atitudes da dinâmica da vida.    

Viviane Oliveira nos apresenta seus pensamentos e poesias.


Tem horas que penso tanto em você que nem me lembro da dor que é não te ter...
Toda vez que eu penso em desistir de você, vem o teu sorriso e me desarma...
O meu amor por você é tão puro, que mesmo dormindo eu não consigo te esquecer...
Por Viviane Oliveira




QUERO

Quero desistir, mas o amor não deixa.
Quero deixar fluir, mas o medo incomoda.
Quero deixar expandir, mas a distância atrapalha.
Quero deixar ir, mas o coração implora.
Quero poder tocar, mas a mão não alcança.
Quero poder falar, mas a voz embarga.
 Quero poder gritar, mas a garganta falha.
Quero poder me aproximar, mas você se afasta.
Quero continuar sonhando, mas a realidade me chama.
Quero que Deus resolva, mas Ele diz: há tempo para todas as coisas...

By Viviane Oliveira


                                       
 
                                                                                      
Um sopro de esperança.
Um sopro de esperança para os corações que choram.
Um sopro de esperança para as pessoas que sofrem.
Um sopro de esperança para aquelas que desistem
Um sopro de esperança também para aquelas que persistem.
Um sopro de esperança para aquelas que insistem.
Um sopro de esperança para quem não sabe amar.
Um sopro de esperança para quem não sabe esperar.
Um sopro de esperança para quem angustiado está.                                                                   
Um sopro de esperança para aqueles que querem  desanimar
Um sopro de esperança para aqueles que um dia a estrela brilhará.....
Nunca desista dos seus sonhos, pois um sopro de esperança a qualquer momento, torna-se um vendaval de conquistas....
 By Viviane Oliveira


                                                                                                            
“Quando você ama uma pessoa, você entrega a alma pra ela. Não se importa com os seus defeitos, tenta conviver com eles, ressaltando as qualidades que esse amor possui.
(Viviane Oliveira)












Viviane Teixeira Oliveira
Educadora e Poetisa

domingo, 1 de julho de 2012

A ECONOMIA DESCOMPLICADA


Por Josemar Dórea

A décima Conversa Afinada veio como um desafio. Um pedido para melhor entendimento sobre economia.  Muita gente tem dificuldade de entender o que a mídia vincula sobre Política Cambial, Inflação, PIB, Superávit Primário e outros assuntos correlatos sobre a economia e seu chamado economês. Desafio, porque é uma tarefa nada fácil tentar explicar em poucas palavras e tempo, tudo que envolve as complexidades econômicas. Serei breve, objetivo e um tanto superficial para explicar de uma forma fácil o que os economistas dizem.

Primeiro vamos ao conceito. A primeira ideia que surge em nossa mente quando perguntado o que é economia é uma contenção de despesas como resposta imediata.  Também é inserida neste conceito a ideia de poupar (guardar o dinheiro), investir.  Como Ciência Social, é mais abrangente: é definida como o estudo da utilização dos recursos escassos com as necessidades ilimitadas do ser humano.  Como distribuir esses recursos de forma equânime? Portanto o objeto de estudo da Ciência Econômica é a escassez de recursos. E aí está o grande paradoxo e a complexidade dos estudos econômicos.

            A Economia é dividia em Macroeconomia que estuda a sociedade com um todo, como por exemplo, o processo inflacionário e a Microeconomia que estuda um determinado mercado como, por exemplo, a formação de preço no Monopólio.

Farei um brevíssimo histórico, com os aspectos mais relevantes do surgimento da Ciência Econômica para um melhor entendimento de alguns conceitos.

            A Economia como Ciência surgiu somente em 1776 com a Publicação do livro, A Riqueza das Nações de Adam Smith, considerado o pai da Economia. Foi a partir daí, que a economia deixou de ser parte da Filosofia e da Política e passou a ter uma característica própria como uma Ciência Social. Contudo, o estudo do pensamento econômico veio desde os primórdios da humanidade, com a fixação do homem na terra, o chamado sedentarismo. Com escambo e o surgimento da moeda, intensificou o interesse em saber como era produzida a riqueza de uma sociedade.

O nome Economia surgiu com o Filósofo pré-socrático Xenofonte (440-335 a.C) e em grego significa administração da casa, do lar (Oikos, casa e  nomos, lei). Neste período, um dos primeiros e mais importante estudo desse pensamento foi desenvolvido por Aristóteles (384-322 a.C) que dividiu a Economia em Comercial e Doméstica. E disse mais: a Comercial iria sobrepor a Doméstica (reparem aí um fio do capitalismo e do socialismo).


Com Adam Smith, veio o período clássico e em sua obra, ele pregava a livre iniciativa, o afastamento do Estado na economia. Dizia que o mercado se autorregulava e que quando houvesse um desequilíbrio uma ”mão invisível” iria promover a volta do equilíbrio econômico. Era o princípio do liberalismo.

Os clássicos analisavam a Economia com ênfase na oferta, os donos dos meios de produção poderiam ofertar bens e serviços quaisquer que iriam ter uma demanda ou procura desses bens e serviços que correspondesse ao que estava sendo ofertado. Será que esse pensamento funciona mesmo? Vejamos: um empresário resolve ofertar para mercado da cidade de Salvador casacos de lã. É óbvio que ele não vai ter uma demanda suficiente devido aos aspectos climáticos da cidade. Foi o grande equívoco de Smith que teve o estopim a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 a chamada grande depressão. Outro equívoco foi pensar que o mercado se autorregulava, ora quem iria resolver falhas de mercado, a distribuição de renda e as regulamentações para um perfeito funcionamento desse mercado? O Estado é o grande regulador e, portanto, a mão invisível que Adam Smith mencionou. Que paradoxo, não?

A publicação em 1936 da obra do economista inglês John Maynard Keynes intitulada de A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda foi de extrema importância para sanar a crise de 1929. Keynes é considerado o pai da Economia Moderna e a sua teoria tem relevância até hoje, claro com algumas modificações e acréscimos.  A Teoria Keynesiana analisou a economia com base na demanda e incentivou uma maior participação do Estado na forma de regulamentador através de Política Econômica para uma efetiva distribuição de renda e promoção do bem estar. 

Não posso deixar de mencionar o legado do economista alemão Karl Max, que contribuiu de forma ímpar para o desenvolvimento econômico. Para a Economia a publicação mais importante foi O Capital. A obra de Marx é longa, complexa e tem diversas abordagens.

Destaco para a nossa Conversa o conceito da mais-valia. Primeiro Marx distinguiu trabalho de força de trabalho. Esta é a aptidão para trabalhar que o trabalhador vende ao capitalista mediante contrato de trabalho.  A força de trabalho é medida pelo tempo gasto necessário para a sobrevivência do trabalhador. A mais valia é o valor excedente que o trabalhador faz através da sua força de trabalho para o capitalista (o dono dos meios de produção). Exemplo: suponha que o trabalhador tenha um contrato de oito horas para a sua jornada de trabalho, mas com quatro horas de trabalho ele produz o trabalho necessário para o seu sustento. Ora as outras quatro horas restantes é o trabalho excedente não pago pelo capitalista. Com isso o capitalista fica cada vez mais rico perfazendo uma relação desigual entre trabalhador x capitalista.  Marx defendia a socialização dos meios de produção para aniquilar essa relação desigual, mas aí, é outra história... Para uma conversa futura.

Vamos analisar agora alguns conceitos econômicos mais difundidos pela mídia.

PIB – o Produto Interno Bruto é um dos principais indicadores econômicos. É caracterizado pelo valor de toda a produção de bens e serviço de um país em um determinado período de tempo, geralmente, um ano. Ou seja, é toda a riqueza interna produzida. Interna porque o PIB não mensura em seus cálculos o dinheiro enviado ou recebido do exterior, principalmente, em forma de lucro. Uma empresa multinacional com sede nos Estados Unidos que tem fábrica no Brasil, por exemplo, envia parte do seu lucro para o país sede.  Essa transferência de dividendos não é subtraída no cálculo do PIB.

PNB – o Produto Nacional Bruto em síntese é o PIB com os devidos cálculos da renda enviada ou recebida do exterior.  Ora, nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, o PIB tende a ser maior que o PNB (a renda enviada ao exterior é maior que a recebida) e nos países desenvolvidos, como por exemplo, os Estados Unidos verifica o fenômeno inverso. Por isso, nos EUA o principal indicador da economia é o PNB e no Brasil é o PIB.

Crescimento x Desenvolvimento Econômico – recentemente, vimos a seguinte matéria na mídia: “Brasil supera a Inglaterra e é a 6ª maior economia mundial”. Mas como um país como o Brasil pode superar a Inglaterra economicamente? Somos um país com elevada desigualdade social, alta carga tributária, problemas estruturais, baixa tecnologia, baixa renda, etc. podemos comparar um brasileiro que vive com um salário mínimo aqui no Brasil com inglês com o mesmo perfil? É óbvio que não. Mesmo com alguns avanços na área social, o Brasil não é um país desenvolvido como a Inglaterra. A questão é que na medição entre as maiores economias leva-se em consideração apenas o PIB Nominal, ou seja, O PIB a preços correntes não levando em consideração a inflação do período. Para se obter um valor mais preciso é necessário o cálculo do PIB real que é calculado a preços constantes eliminando a inflação. Para isto utiliza-se o Deflator Implícito do PIB que é um índice aplicado dividindo o PIB nominal pelo PIB real multiplicando por cem tendo como referência um ano-base.
As críticas com relação à medição pelo PIB para parâmetros de crescimento se faz porque nele não se leva em consideração, entre outras, a distribuição da renda, a qualidade dos bens e serviços e o mercado informal. Para atenuar esses fatores foi estipulado o PIB per capita (o valor do PIB dividido pela população) como padrão para medir o desenvolvimento econômico de um país. Se levarmos em consideração o PIB per capita o Brasil de 6ª maior economia passa a ter a 54ª posição. Mesmo assim, o PIB per capita não deixa de ter equívocos: em países como a China e a Índia o PIB seria baixíssimo a contar pelo tamanho das suas populações.

Criado em 1990 e utilizado pela ONU a partir de 1993, o Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, é o parâmetro atual para medir o desenvolvimento de um país. Em seus cálculos estão o PIB per capita (renda), a expectativa de vida ao nascer e o conhecimento (escolaridade média de estudos e a escolaridade esperada). Alguns economistas e sociólogos criticam a metodologia para o cálculo do IDH por não levar em consideração as políticas ambientais e as particularidades populacionais de alguns países, principalmente, os do continente africano. Pelo IDH o Brasil fica com a 84ª posição. Em matéria de desenvolvimento o Brasil está bem aquém do crescimento.

A taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) – A taxa Selic é um índice que o mercado tem como referência para a cobrança de juros no Brasil. É definida pelo COPOM (Comitê de Política Monetária), vinculado ao Banco Central do Brasil (BACEN) e é usada nas aplicações de títulos públicos federais.

A Selic é uma taxa básica e não reflete exatamente as taxas cobradas no mercado. Por exemplo, os juros cobrados nos cartões de créditos e nos cheques especiais são bem maiores que a Selic.  Ela também é um instrumento de controle inflacionário e de investimento estrangeiro.  Quanto maior a Selic mais os bancos investem no mercado de capitais (títulos públicos, ações, etc) acarretando assim menor circulação de dinheiro e crédito para os consumidores. Com isso a demanda (procura) por bens e serviços tende a cair reduzindo o processo inflacionário. O investimento estrangeiro também tende a subir injetando dólares no país. Uma taxa Selic muito alta dificulta o crédito para as empresas e famílias podendo ocasionar um engessamento na economia. Difícil mesmo é encontrar o ponto de equilíbrio, ou seja, agradar a gregos e troianos.

Superávit Primário - é o saldo positivo das contas do governo, ou seja, significa dizer que o governo arrecadou mais do que gastou. É um indicador de como o governo está administrando suas contas.

Balança Comercial – é o resultado entre as importações (compra do exterior) e as exportações (venda para o exterior). Há saldo positivo na quando as exportações são superiores as importações em um dado período. 

Balança de Pagamentos – é o registro contábil de todas as transações financeiras de um país com o exterior. Saldo positivo: houve mais entrada de moeda estrangeira (recurso externo) do que saída. Quando há um déficit, o governo se utiliza, geralmente, da Política Cambial para se fazer o ajuste. 

Bolsa de Valores – para facilitar o entendimento, basicamente, a Bolsa de Valores é a compra e venda de ações de empresas de capital aberto. No Brasil a principal Bolsa de Valores é a Bovespa que fica na cidade de São Paulo.  Muita gente fica se perguntando o que significa aqueles homens correndo e gritando o tempo todo no chamado pregão da Bovespa. Eles são os corretores que estão vendendo, comprando e especulando ações. A taxa de retorno do investimento empregado na Bolsa é bem atrativa, mas se trata de um investimento de alto risco porque as ações de uma empresa podem despencar no mercado. Por isso, o ideal é investir em empresas estáveis e conhecidas para não se ter dor de cabeça.   

A NASDAQ é uma Bolsa de Valores eletrônica (operações pela internet) localizada em New York, EUA.

Mercado Cambial ou de Câmbio – é neste mercado que se realiza as operações de troca de moedas de um país com o outro. No Brasil, é bem mais comum trocar real por dólar. O Câmbio pode ser fixo (a taxa é fixada pelo governo, como por exemplo, no início do Plano Real a paridade era de um real para um dólar), flutuante (livre no mercado) ou o chamando semi-flutuante (taxa cambial adotada no Brasil).

Ressalvo que muitos doutrinadores não classificam a taxa semi-flutuante como um tipo de câmbio.  Eles alegam que mesmo podendo haver ações governamentais a taxa é livre no mercado. Eu adoto a corrente que tipifica a referida taxa por sofrer, mesmo que indiretamente, interferência do governo não havendo total flutuação do mercado.

No caso do Brasil, o governo quando tem interesse em uma valorização do dólar, compra moeda no mercado e quando quer uma desvalorização vende dólar para o mercado. Vamos entender melhor: na verdade, o governo busca com a Política Cambial, o equilíbrio no mercado. A valorização do dólar beneficia as exportações porque aumentar o interesse do investidor estrangeiro na compra de produtos brasileiros o que acarreta um aquecimento no mercado interno gerando mais empregos e crescimento das nossas empresa e indústrias. Por outro lado, dificultam as importações, as viagens para estudos e pesquisas internacionais, o financiamento de empresas brasileiras para aquisição de máquinas, software e outras tecnologias impossibilitando um aumento na escala de produção brasileira. Um desequilíbrio desse mercado pode ocasionar um processo inflacionário.  O governo funciona como uma balança.

A mídia diariamente nos informa a cotação do dólar que pode ser:

Dólar Comercial: basicamente, é o valor de mercado usado pra transações comercias no exterior de entradas e saídas de recursos de empresas de importação e exportação. É também utilizada pelo governo nas suas transações internacionais.

Dólar Turismo: é a cotação usada para as movimentações de turismo no exterior. É também usada para conversão de compras nos cartões de créditos.

Dólar Paralelo: é o chamado “mercado negro” reflete as transações ilícitas não contabilizadas pelo Banco Central do Brasil. A estocagem de dólares em casa para a compra e venda e até mesmo na forma de “poupança” é uma forma de sonegação, portanto, ilegal. A mídia não divulga mais esse tipo de cotação para não promover a ilegalidade.

Política Fiscal – são ações adotadas pelo governo para controle dos seus gastos e a própria economia.  A grande receita governamental se efetua através da arrecadação de impostos influenciando toda a economia de um país.  O ideal é transformar de maneira eficaz os gastos com essa arrecadação. Quando o governo anuncia um corte drástico em seus gastos está dizendo que haverá uma redução nos investimentos em infraestrutura, educação, saúde, etc. Quando o governo anuncia uma redução de impostos está estimulando um aumento no consumo através da expansão da renda disponível. Só é preciso ter cuidado para não haver inflação (assunto para outra conversa).

Política Monetária - são medidas adotadas pelo governo para controlar a circulação de moeda, a taxa de juros e a liquidez de um país. Assim como a Política Fiscal e Cambial, é um grande instrumento de ajuste e controle da inflação. Uma Política Monetária expansiva há um aumento na base monetária objetivando um crescimento econômico.  Na restritiva, o governo desacelera a economia diminuindo a circulação de moeda para se manter o equilíbrio do nível geral de preço. Os principais instrumentos utilizados pelo governo são a emissão do papel-moeda, a taxa de juros, os depósitos compulsórios (são parte dos recursos depositados pelos clientes que os bancos comerciais são obrigados a depositarem no Banco Central) e a compra e venda de títulos da dívida pública.

Nas economias atuais, é comum a adoção das Políticas Fiscal, Cambial e Monetária, concomitantemente, como forma de controle, ajuste, manipulação para se atingir as metas e o equilíbrio econômico. Assim como em nossas vidas na economia há uma busca constante do equilíbrio. Tarefa nada fácil diante dos recursos escassos, necessidades ilimitadas e uma constante individualização dos interesses.


 Josemar Dórea é graduado em Economia