sábado, 7 de julho de 2012

O AMOR: A TRAJETÓRIA DE UM SENTIMENTO INCONDICIONAL E INEXPLICÁVEL


                                                
                                                       Por Josiany Dórea 

A nossa Décima Segunda Conversa Afinada nos presenteou com o tema central: o Amor. Viviane Oliveira inspirou-se na música de Renato Russo e apresentou o tema com o título: “Quem inventou amor, me explica, por favor!”.  A partir daí, participamos de uma conversa que envolve muitas reflexões e situações, que inicia através da trajetória do amor filosófico, apresentado por Josiany Dórea.   

Partindo do pressuposto que a nossa base ocidental inicia-se na Grécia Antiga, começamos o tema entendendo um pouco sobre a Mitologia Grega. Os mitos relacionados ao Amor, como por exemplo, o mito de Narciso, que fala da incapacidade de amar. Retrata também o individualismo diante da valorização exacerbada de Narciso por si mesmo, sua fixação a sua própria imagem. Associando para a nossa realidade podemos nos vê diante do espelho de Narciso e despertar para uma reflexão dos nossos comportamentos narcisistas contemporâneos. 

  Em destaque também o Mito de Eros e Psique que nos faz refletir sobre as formas de amar do ser humano e também a falta de amor, os defeitos de caráter ocasionado pela inveja, ambição e possessividade. 

Os Mitos apresentam no primeiro momento, uma impressão que apenas trata-se de “contos da carochinha”, contudo, nos proporcionam um grande aprendizado, se soubermos interpretá-los com mais rigor, e com um olhar direcionado para o comportamento do ser humano em várias situações do nosso cotidiano.   

Aprofundando mais com o olhar filosófico, vimos, o amor definido pelo Filósofo Platão. No seu livro “o Banquete”, Platão ressalta a natureza e o sentido do amor como o mais elevado sentimento, que sobressai do corpo e da matéria, é o absoluto. 

       “O amor platônico é aquele que não se fixa no transitório, no corpo, na matéria. Mas sim, o que supera tudo. O verdadeiro amor é um impulso de vida para a sabedoria e não necessariamente para uma pessoa. Somente indivíduos com caráter formados, equilibrados são os que realmente amam no sentido filosófico.”

 Lembrando que a etimologia da palavra Filosofia- PHILO, quer dizer Amor, amizade e Sophia, significa Sabedoria. Temos então, Filosofia é igual a amor ao saber. Vale ressaltar que os primeiros filósofos já retratavam o amor como patos, palavra grega que significa admiração e espanto. 

Avançando mais na trajetória do amor filosófico, vimos que o filósofo Santo Agostinho que viveu no período Medieval, afirma que todas as maneiras de amar são válidas, o erro está em inverter a intensidade do amor. Então o ideal do amor é alcançar o equilíbrio, a justa medida.  
   
Para o filósofo existencialista Jean Sartre, que viveu no século XIX, o amor é o impulso que leva a agir, mas nunca desculpa para uma ação (acreditava que qualquer compromisso não estava em determinada religião, mas sim entre as pessoas).   
   
Assim, o amor no contexto filosófico esteve sempre presente nos diálogos, sejam eles, no período da antiguidade ou contemporâneos. 

Atualmente, de forma geral, emocionalmente amar é buscar no outro um alguém que supra nossas carências afetivas e espirituais. Essa forma de amar possibilita muitos equívocos nos relacionamentos amorosos porque terminam promovendo a busca da felicidade no outro. Para eu ser feliz é preciso que o outro seja o protagonista da minha felicidade. Essa realidade provoca conflitos internos e muita dependência. Acabamos transferindo todas as nossas perspectivas de uma vida melhor para outro. O equilíbrio entre amar e ser amado é o grande desafio da humanidade. Entre esse equilíbrio está a justa medida. Amar sem dependência, mas cultivando uma harmonia em estar com o outro e consigo mesmo.

Viviane Oliveira destacou os vários tipos de Amor. O tipo de amor fraternal e espiritual: Ágape, palavra grega que quer dizer Amor.  A palavra Ágape foi mais utilizada pelos Católicos, na antiguidade, que significa Amor Cristão ou Caridade. O amor que vê no outro como seu semelhante e busca entender as alegrias e dores do outro como um ser humano. Estando ao seu alcance, procura ajudar, sem cobranças, apenas com o prazer de saber que o outro é um ser humano que possui suas fraquezas, seus conflitos e que precisa de outro ser humano para ser fortalecido pelo amor puro, desinteressado.  

Viviane Oliveira apresentou um vídeo titulado como “Amor Verdadeiro”, que aborda o amor que tudo sofre tudo crê e tudo suporta (ver abaixo, no final do texto). Esse amor que supera a si mesmo. 
  
   O estilo literário que destaca o amor é o Romantismo. Estilo literário que se transforma em uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os escritores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.

Um dos escritores brasileiros que teve destaque nesse período foi o cearense José de Alencar (1829-1877) por criar romances que abordam o cotidiano. Tornou-se principal romancista no Brasil dentro das quatro características: indianista, psicológico, regional e histórico. 

Destacamos também Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), conhecido mais como Goethe foi um importante romancista, dramaturgo e filósofo alemão. Sua grande obra foi o poema Fausto, escrito em 1806. Baseada numa lenda, esta obra relata a vida de Dr. Fausto, que vendeu a alma para o diabo em troca de prazeres terrenos, riqueza e poderes ilimitados. A frase clássica do filósofo Goethe sobre o amor é: “Mundo, quem és tu, para um coração sem amor”.  E sábia  frase: "Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.".

A emoção, o amor e a liberdade de viver são os valores retratados no Romantismo no Brasil. A música também teve destaque nessa fase. O nacionalismo, nosso folclore e assuntos populares servem de inspiração para os músicos. O Guarani de Carlos Gomes, por exemplo, é a obra musical de maior importância desta época. Assim como na música e na literatura os temas do cotidiano, o individualismo, o nacionalismo e a religiosidade também aparecem na dramaturgia brasileira desta época.

Viviane Oliveira encerrou a nossa apresentação com um lindo poema Quando o amor acontece de sua autoria (ver abaixo). Dessa forma, evidencia a capacidade do ser humano de criar e amar no mundo contemporâneo dinâmico e cheio de incertezas e mitos. Contudo, temos também pessoas que buscam fazer desse mundo um carrossel de amor.  

Ao final acompanhamos a música do cantor e compositor (in memoriam) Renato Russo - Monte Castelo, que revela toda a complexidade do amor.

QUANDO O AMOR ACONTECE
Quando o amor acontece
Dos problemas a gente esquece
É um querer que nos enobrece
É uma emoção que nos fortalece
A vida tem outro sentido
As coisas caminham sem perigo
Felicidade torna-se abrigo
E coisas são feitas com muito instinto.
Quando o amor acontece
Nada de ruim nos aborrece
Tudo que queremos é que esse sentimento não seja breve
Pois quando o verdadeiro amor floresce, ele dura, ele aumenta,
Ele nos enriquece.
E quando percebemos de tão puro que é: ao lado ele envelhece
Mas justamente por ser puro, desse amor você nunca padece.
By Viviane Oliveira                                                                            
 
                                                                                                           
  Agradecemos a todos que participaram
 da nossa Conversa Afinada.20/05/2012.

 

 


Sugestões de Leituras e Referências:
Ciência & Vida – Filosofia, número 03- Editora Escala/ 2009.
Nicola Abbagnano, Dicionário Filosófico- Ed. São Paulo.
Coleção Os pensadores – O Banquete – Platão – Editora Nova Cultural Ltda.
Nicola, José. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 2003.
Leite, Ricardo. Novas palavras: literatura, gramática, redação e leitura. São Paulo: FDT, 2009.       

Um comentário:

  1. "Amor não se explica, se sente" Viviane Oliveira. Falar de amor é um prazer, sentir, melhor ainda! Viva ao Amor!!!

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