Explanação sobre o nosso primeiro tema do Insight Filosófico:
“O conhecimento traz luz”.
Por Josiany Dórea
Escolhi esse tema com o objetivo de fazermos uma reflexão sobre o despertar para o conhecimento, o sair da caverna. Inspirei-me na maiêutica Socrática, que é um termo grego que significa “arte de trazer á luz”. O filósofo Sócrates nos seus diálogos em praça pública, concebia aos seus discípulos a construírem suas próprias opiniões, ou seja, pari o seu próprio conhecimento. Considerando que Sócrates comparava o conhecimento à profissão de sua mãe que era parteira.
Inicialmente, faremos uma viagem rápida (como um cometa) sobre a trajetória da Filosofia: a etimologia da palavra, os quatro grandes períodos da filosofia grega e depois retomaremos para nosso tema propriamente dito.
Etimologicamente, a palavra Filosofia deriva-se da Grécia. É composta por Philo (philia) que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais, e a palavra Sophia quer dizer sabedoria (vem da palavra sophos, sábio). Sendo assim, a Filosofia é a amante da sabedoria.
O primeiro filósofo considerado pela tradição clássica foi Tales, nascido em Mileto, por isso ficou conhecido como Tales de Mileto. Viveu provavelmente entre o final do século VII e meados do século VI a.C. Seu pensamento básico era “tudo se origina da água”.
De acordo com a tradição histórica, os períodos que compõe a Filosofia Grega são:
1- Período pré-socrático, anterior ao filósofo Sócrates, quando a filosofia se preocupa com os fenômenos da natureza. Os primeiros filósofos estavam preocupados em descobrir a origem das coisas, criando uma ruptura entre a visão mítica e religiosa para o mundo racional.
2- Período Socrático ou Antropológico é quando a filosofia aborda as questões humanas, o que é o bem, a justiça, o amor... Sócrates (469-399 a.C.) se concentrou na problemática do homem, por isso, o autoconhecimento era um ponto básico a Filosofia Socrática.
3- Período Sistemático é quando a Filosofia busca reunir e sistematizar o pensamento sobre cosmologia e a Antropologia.
4- Período helenístico ou Greco-romano, a Filosofia se ocupa com a s questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus.
Na Filosofia antiga, os pré-socráticos, deram grandes contribuições para o desenvolvimento da Filosofia. Eles desenvolveram o pensamento em busca da definição do homem e suas relações com o universo.
Ressaltamos que Sócrates foi o filósofo que nos presenteou com a célebre frase: “Sei que nada sei”, nos mostrando que a sabedoria consiste em estarmos sempre aprendendo e que não esgotaremos os limites do saber. O nosso encontro retrata isso, a humildade para sabermos que um não sabe mais que o outro. Estamos todos na corrente do conhecimento e trocando ideias, conceitos, informações com o único objetivo: desfrutar dessa fonte inesgotável que é o prazer de conhecer, pensar e refletir.
Para abordamos o tema “O conhecimento traz luz”, buscamos como instrumento principal para as nossas reflexões e para homenagear os nossos possíveis encontros, “Alegoria da Caverna”, escrito pelo filósofo Platão (427-347 a.C.), no livro VII – A República. Segue uma adaptação resumida da Alegoria, conhecida como Mito da Caverna.

Vamos imaginar um grupo de pessoas morando numa caverna. Os moradores estão desde sua infância, presos por correntes nas pernas e no pescoço. Assim, eles não conseguem mover-se nem virar a cabeça para trás: só podem ver o que se passa a sua frente. Á luz que chega ao fundo da caverna projeta sombras das pessoas ou objetos que passam ao seu redor. Os prisioneiros acreditariam que os sons são emitidos pelas sombras e que tudo ali projetado é real.
Agora pensem que um dos prisioneiros conseguiria se libertar e saísse da caverna. No primeiro momento, ele sofre com a luz do sol, a claridade vai incomodá-lo e ele teria dificuldade de abrir os olhos. Aos poucos iria se acostumar com a luz e conseguiria enxergar as pessoas. Ficaria vislumbrado ao perceber que tem vida fora da caverna e que a noite poderia admirar o céu, as estrelas e a lua. Enfim, existem coisas maravilhosas a serem contempladas na Terra. Imagine então, que o prisioneiro quisesse voltar para a caverna para compartilhar com os outros companheiros a sua alegria de ter descoberto um mundo lá fora. Ao retornar ficaria por um tempo cego em meio à escuridão, pois, já se acostumara com a luz do sol. Enquanto estivesse confuso seus companheiros ririam dele caso tentasse explicar a realidade das coisas que ali são vistas como sombras. Os prisioneiros não acreditariam nele e diriam que a subida para o mundo lá fora lhe prejudicou, pois, estaria fantasiando e que não valia à pena acreditar nele.
Analisando o Mito da Caverna de Platão percebemos o quanto é atual sua alegoria, pois, vivemos em nossas cavernas, prisioneiros de nossos preconceitos, muitas vezes manipulados pela mídia e pelo consumismo.
O conhecimento traz luz é um tema bastante amplo porque nos leva ao insight de conhecimento. Há uma consciência coletiva sobre a importância de refletirmos e explanarmos temas atuais que nos leve a sair da caverna contemplando as possibilidades de quebrar os tabus, de sermos mais tolerantes. Buscando e questionando sempre a nossa razão de ser e do que é desconhecido por nós, para que sejamos aprendizes conscientes a pensarmos e refletirmos o mundo em sua totalidade.

Merece também nossa atenção a versão humorada escrita por Mauricio de Sousa em forma de quadrinhos titulada como: “As sombras da Vida” com a personagem Piteco. Nela, verificamos a mensagem de conscientização que o autor nos quer emitir sobre as cavernas contemporâneas que vivemos. Isso me fez lembrar o comentário que o filósofo e educador Mario Sérgio Cortella fez em uma palestra sobre “Não nascemos pronto”: O controle remoto alterou nossa percepção... A TV é uma coisa maravilhosa, só que ela não pode me dominar (...). Busquemos então, ter uma visão mais crítica-reflexiva sobre diversidades culturais e sociais que nos acompanham em nosso cotidiano.
Para complementar o nosso momento reflexivo, analisamos o poema de José Paulo Paes, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta brasileiro:
FALAM OS POETAS:
A TORNEIRA SECA (mas pior: a falta de sede);
A LUZ APAGADA (mas pior: o gosto do escuro);
A PORTA FECHADA (mas pior: a chave dentro);
Diante da falta de água, a falta de luz, a porta fechada, o pior é:
- Não agir, para que a água possa correr pela torneira, não agir para que a luz possa ser acessa e também saber que a chave está por dentro e não fazer nada para girá-la.
Em nossa vida precisamos ter atitude para fazermos nossas escolhas ou modificar algo que já escolhemos. Assim também ocorre com a construção do conhecimento temos que agir e também saber que “podemos girar a chave” que está em nosso interior para sairmos da caverna e nada melhor que realizarmos isso, com um grupo de amigos.
Para finalizarmos o nosso encontro e abertura do insight filosófico apresento a música clássica que nos permite a conviver melhor com as nossas diferenças.
Metamorfose Ambulante (reduzida) (composição: Raul Seixas)
(...) Eu quero dizer agora o oposto do que disse antes
Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião Formada sobre tudo (...)
Eu quero dizer Agora, o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo (...)
(...) É chato chegar A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante (...)
E mais uma grande reflexão...
“O grande desafio humano é resistir à sedução do repouso, pois nascemos para caminhar e nunca para nos satisfazer com as coisas como estão. A insatisfação é um elemento indispensável para quem, mais do que repetir, desejar criar, inovar, refazer, modificar, aperfeiçoar. Assumir esse compromisso é aceitar o desafio de construir uma existência menos confortável, porém ilimitada e infinitamente, mais significativa e gratificante”. (Mário Sérgio Cortella).
Agradeço a todos pela participação do nosso insight filosófico: a leitura teatral de Viviane, os olhares atentos, os gestos carinhosos, os comentários e atenção dispensada por todos.
Um forte abraço,
Any

Josiany Dórea é Graduada (bacharelado e Licenciatura) em Filosofia
e Pós-Graduada em História Social e Econômica do Brasil.