Achei interessante a reflexão de Aninha Franco. Por isso resolvi compartilhar com vocês. Segue abaixo o texto na íntegra.
ENTRE O QUADRIL E O NEURÔNIO
Por Aninha Franco
A Bahia continua usando mais o quadril, região lateral do corpo humano, que vai da cintura até a parte superior da coxa, do que neurônio, célula essencial ao tecido nervoso. Na verdade, todo o Brasil. É que na Bahia, o quadril parece ter vida própria e de intensidade tão extrema que as duas atividades culturais mais espetaculares do Estado são o Carnaval e o São João, que, de diferentes, têm entre si, quadril com Banda ou quadril com bomba.
Em dia de versejo, Nizan Guanaes escreveu que baiano é povo a mais de mil, que tem Deus no coração, e o Diabo no quadril, o que poderia explicar o frenesi que acomete o Estado em fevereiro – às vezes março – e junho, a cada ano com menos participação autóctone. E se os baianos fogem e festa continua, é porque o quadril e seu diabo não são especialidade local.
O quadril carioca, por exemplo, responsável pelo Funk das Popozudas, sugeriu ao ex-presidente Lula que, ao invés de eleger Dilma, levasse a Popuzuda para a Casa Civil, que ela poria o som na caixa e balançaria o quadril porque o funk não é o problema dos jovens, para alguns é solução, e por isso a Popozuda deveria ser a ministra da Educação. Talvez sim, já que os neurônios de Fernando Haddad não funcionam.
Mas o quadril brasileiro não move apenas festas baianas e bailes funks. Move o mundo das celebridades, atrizes e modelos. Luana Piovani tem 90 cm de quadril, 8 cm a menos que Martha Rocha, derrotada no concurso de Miss Universo porque, popozuda, tinha 98 cm, o que na Bahia, terra dos Quimbundos, é normal, mas não no resto do Universo.
Caetano Veloso, delicadamente, propôs, em Passistas, pousar a mão no quadril da parceira e multiplicar-lhe os pés por muitos mil, e o grupo Chevelle distingue o quadril de se cuidar do quadril de se odiar. O que eu não entendo.
Chico Buarque, o compositor que criou algumas das melhores imagens de quadril que eu conheço, a da mulher infeliz que, em Bye Bye Brasil, tinha um tufão nele, voltou com a poesia original de sempre, em meio às quadrilhas de quadril, querendo uma mulher sem orifícios, e me fez pensar na limitação do quadril da cidade na Baía, território do meu amor.
Aninha Franco é Teatróloga.
Texto extraído da Revista Muito do Jornal A Tarde. Salvador, 03 de Julho de 2011, p.41.
www.atarde.com.br/revistamuito
Execelente texto. Parabéns ao blog por ter postado. Abraços, Paulo Gomes
ResponderExcluirAmei!!! Muito bom. Vamos reaver nossos conceitos.... E lembrar que o "quadril passa " e depois?
ResponderExcluirJuba(Josemar) muito grata pela oportunidade de lê Aninha Franco (ela é maravilhosa).
Valeu!!!
Bjos,Josiany (Any)
Gostei! Muito Bom...
ResponderExcluirAbraços,
Ronaldo.