ENTREVISTA COM PATRÍCIA DE OLIVEIRA
Por Josiany Dórea
Acompanhamos em nosso cotidiano diversos
comentários críticos dos educadores, gestores, pais e sociedade sobre a
deficiência do processo ensino-aprendizagem entre crianças e jovens
brasileiros. Percebemos que todo processo educativo começa a partir da Educação
Básica que é o alicerce para a caminhada escolar.
Os estudantes brasileiros precisam desenvolver a consciência sobre a
importância da Educação em sua vida a partir da convivência escolar nas séries
iniciais para que assim, possam aprender e desenvolver um seguimento escolar
prazeroso e produtivo
Nossa entrevista tem como
objetivo conhecer a opinião de Patrícia de Oliveira, pedagoga e coordenadora
pedagógica que vivencia a educação básica em sala de aula e coordena uma equipe
de professores em outro momento. Através da experiência da profissional na área
de Educação podemos investigar; discutir e fornecer mecanismos para novas
mudanças no processo educativo vigente. É um novo olhar diante de problemas
antigos e pertinentes que pode promover qualidade em nosso Sistema
Educacional.
Agradecemos a Patrícia de Oliveira pela disponibilidade e contribuição
compartilhada em nosso blog.
1- [Josiany] Quais são os desafios que os docentes
enfrentam hoje na Educação Básica?
O maior desafio é a integração entre família e escola. E a aprovação
automática da escola pública, pois só pode haver reprovação nos 3º e 5ºanos,
ausência de recursos tecnológicos, biblioteca, laboratórios de informática,
falta de profissionais como: psicólogos, fonoaudiólogos, dentre outros que
facilitem a aprendizagem dos alunos com necessidades especiais.
2- [Josiany] Em sua opinião, qual o melhor método
de alfabetizar uma turma em séries iniciais?
Não existe melhor método, pois todas as
teorias trazem suporte para a prática pedagógica. Ainda não vi uma turma
homogênea que pudesse utilizar apenas um ou outro método. Na minha prática
utilizo todos os métodos que favoreçam autonomia, aprendizagem e letramento do
individuo. Educar é um ato político, por isso não posso apenas alfabetizar o
aluno, sem levar em consideração o momento histórico, social e cultural em que
ele está inserido. A leitura de “mundo” deve preceder a aquisição da leitura e
escrita, o educando precisa saber da função social da escrita e da leitura para
se apropriar desse conhecimento e utilizá-lo como ferramenta de transformação
da sua realidade.
3- [Josiany] Como lidar com a violência dentro da
Escola? De que forma podemos começar a conscientizar os pequenos sobre essa
realidade?
A violência que chega à escola, muitas vezes vem da própria casa desse
aluno. O melhor a fazer para combatê-la é dar atenção a esses alunos.
“Afetividade” é a palavra chave para iniciar um diálogo e perceber nas ações
desses alunos ditos como “violentos” os que eles querem nos dizer. Projetos que
favoreçam a elevação da autoestima e do autoconhecimento podem ajudar, bem como
dar tarefas a esses alunos, para que possam se sentir responsáveis e úteis.
Outro fator que pode levar a atitudes violentas é a distorção idade-série, que
acontece em algumas classes. O ideal é que a cada inicio do ano letivo,
os alunos sejam informados sobre o Regimento Interno da escola e suas punições
previstas para cada caso. O que não pode acontecer, é a escola ser permissiva
para transgressões realizadas e perder o controle.
4- [Josiany] Que método é mais eficaz para
avaliar o aluno da Educação Básica?
Certamente a avaliação continuada é a mais eficaz. Na escola pública do
1º ao 5º ano os alunos são avaliados não por notas, mais por competências e
habilidades conquistadas ao longo do ano. A avaliação eficaz é aquela que serve
de diagnóstico para o professor perceber o que de fato o aluno aprendeu ou
precisa melhorar, e não aquela avaliação punitiva onde os erros são mais
apreciados do que os acertos.
5- [Josiany] Que sugestão você daria para os
docentes que estão iniciando sua prática pedagógica?
Façam muitos estágios, pois a Universidade é muito importante para
a formação acadêmica, mas para a prática mesmo, só trabalhando é que você se
apropria e pode aplicar as teorias estudadas. Façam especialização na área de
sua preferência, isto já conta pontos também para um provável concurso público
que venham a fazer. Hoje a educação básica conta com ajuda do FUNDEB, que
garante melhores salários, formação continuada para docentes, dentre outros.
6- [Josiany] Qual a sua opinião em relação à
implantação da Educação Integral nas Escolas?
Importantíssima, esse é o sonho de todo
educador. Na escola pública já tem um projeto de educação chamado Mais Educação
onde em um turno o aluno estuda o currículo normal, e no outro turno, ele tem
oficinas de letramento, matemática, judô, dança, dentre outros que favorecem o
aprendizado e a autoestima desse aluno, mas só atinge alunos com distorção
idade-série, os outros alunos ficam de fora. A implantação da Educação Integral
deve acontecer para todos os alunos da escola pública.
7- [Josiany] Para você, o que falta para a
Educação Básica melhorar?
Estamos na era da Informação e do Conhecimento. É preciso trazer novas
tecnologias para a escola, o aluno não quer só aprender através do livro
didático, lousa e giz. Professores e alunos precisam se apropriar dessas
tecnologias. Precisa-se de leis que responsabilize os maus pais pelos
desempenhos dos alunos, há países que isso já acontece. Renovação do currículo:
“o que de fato esse aluno precisa aprender”? O professor precisa se
aperfeiçoar, por isso se faz necessário à redução da carga horária, sem
prejuízo no salário. Existem professores que para ter um salário digno
trabalham 60 horas semanais, afetando o seu desempenho em sala de aula. E
Políticas Públicas que priorizem uma Educação Básica de qualidade para todos.
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PATRÍCIA DE OLIVEIRA É PEDAGOGA E PSICOPEDAGOGA |
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSe a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.
ResponderExcluirPaulo Freire
Com certeza. Sábias palavras de Paulo Freire. A Educação precisa de um time para avançar com qualidade: Sociedade, Família e Governo.Não há mudanças e nem transformações sociais sem uma Educação de excelência.O conhecimento é vital para que haja uma nação consciente e primaz.
ExcluirParabéns pela entrevista!
ResponderExcluirObrigada Vivi! Valeu.
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