domingo, 21 de abril de 2013

EDUCAÇÃO BÁSICA


ENTREVISTA COM PATRÍCIA DE OLIVEIRA 


 Por Josiany Dórea

           Acompanhamos em nosso cotidiano diversos comentários críticos dos educadores, gestores, pais e sociedade sobre a deficiência do processo ensino-aprendizagem entre crianças e jovens brasileiros. Percebemos que todo processo educativo começa a partir da Educação Básica que é o alicerce para a caminhada escolar.

              Os estudantes brasileiros precisam desenvolver a consciência sobre a importância da Educação em sua vida a partir da convivência escolar nas séries iniciais para que assim, possam aprender e desenvolver um seguimento escolar prazeroso e produtivo

              Nossa entrevista tem como objetivo conhecer a opinião de Patrícia de Oliveira, pedagoga e coordenadora pedagógica que vivencia a educação básica em sala de aula e coordena uma equipe de professores em outro momento. Através da experiência da profissional na área de Educação podemos investigar; discutir e fornecer mecanismos para novas mudanças no processo educativo vigente. É um novo olhar diante de problemas antigos e pertinentes que pode promover qualidade em nosso Sistema Educacional.      

                 Agradecemos a Patrícia de Oliveira pela disponibilidade e contribuição compartilhada em nosso blog. 




 1-   [Josiany] Quais são os desafios que os docentes enfrentam hoje na Educação Básica?

O maior desafio é a integração entre família e escola. E a aprovação automática da escola pública, pois só pode haver reprovação nos 3º e 5ºanos, ausência de recursos tecnológicos, biblioteca, laboratórios de informática, falta de profissionais como: psicólogos, fonoaudiólogos, dentre outros que facilitem a aprendizagem dos alunos com necessidades especiais.


2-    [Josiany] Em sua opinião, qual o melhor método de alfabetizar uma turma em séries iniciais?

 Não existe melhor método, pois todas as teorias trazem suporte para a prática pedagógica. Ainda não vi uma turma homogênea que pudesse utilizar apenas um ou outro método. Na minha prática utilizo todos os métodos que favoreçam autonomia, aprendizagem e letramento do individuo. Educar é um ato político, por isso não posso apenas alfabetizar o aluno, sem levar em consideração o momento histórico, social e cultural em que ele está inserido. A leitura de “mundo” deve preceder a aquisição da leitura e escrita, o educando precisa saber da função social da escrita e da leitura para se apropriar desse conhecimento e utilizá-lo como ferramenta de transformação da sua realidade.


3-   [Josiany] Como lidar com a violência dentro da Escola? De que forma podemos começar a conscientizar os pequenos sobre essa realidade?

A violência que chega à escola, muitas vezes vem da própria casa desse aluno. O melhor a fazer para combatê-la é dar atenção a esses alunos. “Afetividade” é a palavra chave para iniciar um diálogo e perceber nas ações desses alunos ditos como “violentos” os que eles querem nos dizer. Projetos que favoreçam a elevação da autoestima e do autoconhecimento podem ajudar, bem como dar tarefas a esses alunos, para que possam se sentir responsáveis e úteis. Outro fator que pode levar a atitudes violentas é a distorção idade-série, que acontece em algumas classes. O ideal é  que a cada inicio do ano letivo, os alunos sejam informados sobre o Regimento Interno da escola e suas punições previstas para cada caso. O que não pode acontecer, é a escola ser permissiva para transgressões realizadas e perder o controle.


4-   [Josiany] Que método é mais eficaz para avaliar o aluno da Educação Básica?


Certamente a avaliação continuada é a mais eficaz. Na escola pública do 1º ao 5º ano os alunos são avaliados não por notas, mais por competências e habilidades conquistadas ao longo do ano. A avaliação eficaz é aquela que serve de diagnóstico para o professor perceber o que de fato o aluno aprendeu ou precisa melhorar, e não aquela avaliação punitiva onde os erros são mais apreciados do que os acertos.


5-    [Josiany] Que sugestão você daria para os docentes que estão iniciando sua prática pedagógica?


 Façam muitos estágios, pois a Universidade é muito importante para a formação acadêmica, mas para a prática mesmo, só trabalhando é que você se apropria e pode aplicar as teorias estudadas. Façam especialização na área de sua preferência, isto já conta pontos também para um provável concurso público que venham a fazer. Hoje a educação básica conta com ajuda do FUNDEB, que garante melhores salários, formação continuada para docentes, dentre outros.


6-    [Josiany] Qual a sua opinião em relação à implantação da Educação Integral nas Escolas? 

 Importantíssima, esse é o sonho de todo educador. Na escola pública já tem um projeto de educação chamado Mais Educação onde em um turno o aluno estuda o currículo normal, e no outro turno, ele tem oficinas de letramento, matemática, judô, dança, dentre outros que favorecem o aprendizado e a autoestima desse aluno, mas só atinge alunos com distorção idade-série, os outros alunos ficam de fora. A implantação da Educação Integral deve acontecer para todos os alunos da escola pública.


7-   [Josiany] Para você, o que falta para a Educação Básica melhorar?  


Estamos na era da Informação e do Conhecimento. É preciso trazer novas tecnologias para a escola, o aluno não quer só aprender através do livro didático, lousa e giz. Professores e alunos precisam se apropriar dessas tecnologias. Precisa-se de leis que responsabilize os maus pais pelos desempenhos dos alunos, há países que isso já acontece. Renovação do currículo: “o que de fato esse aluno precisa aprender”? O professor precisa se aperfeiçoar, por isso se faz necessário à redução da carga horária, sem prejuízo no salário. Existem professores que para ter um salário digno trabalham 60 horas semanais, afetando o seu desempenho em sala de aula. E Políticas Públicas que priorizem uma Educação Básica de qualidade para todos.

PATRÍCIA DE OLIVEIRA É PEDAGOGA
E PSICOPEDAGOGA 

5 comentários:

  1. Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.
    Paulo Freire

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    1. Com certeza. Sábias palavras de Paulo Freire. A Educação precisa de um time para avançar com qualidade: Sociedade, Família e Governo.Não há mudanças e nem transformações sociais sem uma Educação de excelência.O conhecimento é vital para que haja uma nação consciente e primaz.

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